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  • Foto do escritorVitor Seravalli

XIII Maratona de São Paulo


Com a ambição de iniciar minha participação em uma prova de Triathlon, comprei uma bicicleta e também voltei a nadar. Como sempre acontece comigo, fixei uma meta, fiz inscrição em uma determinada prova e fui treinar como louco.

Infelizmente, a falta de habilidade com os pedais fez com que eu tivesse uma queda e uma consequente rotura no tendão supra espinhoso de meu ombro direito. Após me submeter a uma cirurgia para reconstituição do tal tendão, passei por um difícil processo de fisioterapia e isso me tirou das corridas por um bom tempo.

Voltei aos poucos, mas não consegui correr nenhuma maratona no ano de 2006.

O ano de 2007 começou com a meta pré-definida de voltar a correr uma prova de 42 Km e isso ocorreu em São Paulo no mês de junho.

Com a ajuda de sempre, enfrentei o mesmo percurso e, sem dúvidas, senti o fato de ficar um ano e oito meses longe de uma prova desse tipo. Mas até com direito a um “sprint” no final, concluí o percurso dentro de minha meta, abaixo de 5 horas.

Que sensação boa é a superação!

Aliás, tenho o privilégio de ter sentido isso durante diversos episódios em minha vida.

A superação é uma coisa que está na cabeça dos que não desistem, pessoas resilientes que quando caem, se levantam e seguem em frente.

Aliás, isso já é reconhecido no mercado de trabalho como uma competência essencial para profissionais, cuja existência pode ser testada durante os processos de recrutamento e seleção dos profissionais de diversos níveis.

Certamente, tive tombos e voltas por cima em diversos momentos de minha carreira, mas um deles foi bastante importante.

Eu seguia com meu trabalho, no qual defender projetos e enfrentar situações desafiadoras era parte comum de meu cotidiano.

Lembro-me de um momento em que eu recebia colegas da Alemanha e apresentava a eles os resultados do período anterior e os planos para o futuro próximo.

Embora eu estivesse preparado para a ocasião, creio que uma excessiva autoconfiança reduziu a necessária concentração que esse tipo de intervenção exige.

O fato é que em determinado momento, fui questionado com rigor sobre algum aspecto de meu trabalho e minha resposta não foi assertiva como deveria ter sido.

Meu líder na época adotava um modelo de gestão que se baseava em processos deliberados de geração de crises. Ou seja, se algo ia bem, ele procurava algum flanco descoberto e criava um problema para causar estresse onde quer que fosse. Estou simplesmente contando sobre seu estilo e não quero entrar no processo de julgamento se sua estratégica era certa ou não. Mas após aquela apresentação, eu me vi em lençóis não tão bons.

Logo no dia seguinte, fui colocado à prova novamente, mas agora minha apresentação seria para um membro da alta direção da empresa no nível global.

Sem qualquer displicência e com o nível correto de mentalização da nova tarefa, tudo acabou dando certo.

Mas um processo de fritura estava apenas começando e quem estava na frigideira era eu.

O tempo passou bem rápido e logo fui informado sobre uma viagem que faríamos à matriz e a mim caberia a missão de fazer uma nova apresentação, mas agora, além do “big boss”, estaria também toda a diretoria global de nosso negócio.

Se, após tanto tempo, eu omitisse o estado de apreensão e estresse a que fui submetido, seria injusto comigo mesmo e com meus leitores.

Então, investi tudo em minha preparação. Eu estava consciente de que corria risco bastante alto, mas quando entrei no avião, eu também sabia que o sucesso era possível e estava em minhas mãos.

Lembro-me bem que aquele início de dezembro indicava um inverno antecipado na Alemanha. Quando olhei pela janela poucos minutos antes da aterrisagem, tudo lá embaixo era neve, muita neve.

Entre o momento em que nos hospedamos e o horário marcado para a reunião, ainda havia um dia e meio, assim, sem perda de tempo, iniciamos o trabalho de refinamento de dados, argumentos, etc.

Havia rivalidade forte entre os membros da equipe, mas ali não sobrava qualquer espaço para atitudes não profissionais.

Indo diretamente ao ponto, não houve noite para qualquer descanso, tampouco intervalo sequer para uma alimentação adequada. Até tentamos, porém àquela hora da noite, nenhum restaurante ou similar ainda atendia a seus fregueses.

Improvisamos com algumas bolachas, alguns copos de água e ajustamos os detalhes que ainda esperavam por definições.

Vale ressaltar, que durante o tempo em que nos preparávamos, fizemos duas apresentações prévias com pessoas que tinham condições de avaliar nosso material. Após ambas, tivemos que rever praticamente tudo e foi muito difícil manter a calma e o bom senso para refinar o material final, mas conseguimos.

Em resumo, a apresentação foi literalmente um sucesso e até mesmo um surpreendente e inesperado elogio não pode ser evitado.

Quando viajava de volta ao Brasil, olhei novamente pela janela do avião e agora bem mais relaxado, percebi que acabava de ter superado um enorme desafio, com diversos fatores de sucesso, desde minha fé, determinação, competência, mas principalmente, minha capacidade de superação, tal qual senti em São Paulo após minha quinta Maratona.

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