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  • Foto do escritorVitor Seravalli

Berlin Marathon


Apesar do ano de 2006 ter sido um ano menos ativo devido à cirurgia de ombro já citada antes, isso não impediu que eu participasse de diversas corridas de curta distância. Entre elas, quatro provas de 10 Km compuseram um circuito novo de São Paulo que recebeu o sugestivo título de “Circuito das Estações”, cada uma com o nome e na época de uma estação do ano.

Antes da cirurgia eu havia participado da etapa de outono, na fase de recuperação avançada da mesma, corri a etapa de inverno e as etapas da primavera e verão ocorreram no segundo semestre.

Mas o que isso tem a ver com a Maratona deste capítulo? Muita coisa, como poderão constatar.

A certa altura do ano de 2007, eu já estava de volta a um ritmo normal de atividades esportivas e, como eu havia corrido todas as etapas em 2006, pude participar de um concurso de frases promovido pela patrocinadora do circuito, a empresa Adidas, cujo ganhador receberia como prêmio a participação na Maratona de Berlim de 2007.

Passagem aérea, hospedagem, inscrição na prova e outros mimos adicionais, tudo isso tornou-se tão atrativo que não pude ficar sem contribuir com minha melhor participação possível.

O concurso pedia uma resposta criativa para a seguinte pergunta: “O que você faria para participar da Maratona de Berlim?”

Fiquei matutando vários dias em busca de uma resposta que pudesse ter chances, mas eu nunca havia ganho qualquer concurso desse tipo. Aliás, minha criatividade jamais havia sido sequer percebida como relevante.

Mas numa certa manhã, veio uma inspiração inesperada e esbocei uma frase que se definiu como minha resposta à pergunta da seguinte forma:

“Se fosse somente uma viagem, eu iria. Se fosse uma corrida, eu simplesmente correria. Mas como é um sonho, eu quero é sonhar. Ir, correr e acordar.”

Achei que ficou boa e a enviei, ainda sem grandes pretensões.

Pois não é que algumas semanas depois, recebi uma ligação com a surpresa de que eu havia sido um dos ganhadores. Minha frase havia sido escolhida como uma das melhores e, acreditem, ganhei o direito de correr uma das maratonas mais lindas de todo o mundo. Uau!!!!!!!

Obviamente, dei um jeito para que minha companheira de maratonas pudesse me acompanhar e, no final de setembro, viajamos para a capital da Alemanha.

A prova em si foi espetacular. Embora o clima não estivesse tão bonito na véspera e uma chuvinha chata era a melhor previsão de tempo para aquele domingo, a meteorologia alemã fez algo que raramente faz, ou seja, errou feio.

Assim, numa temperatura bem agradável e com um sol tímido, mas presente em boa parte do percurso, consegui chegar ao final com o melhor tempo de todas as minhas maratonas, quatro horas e vinte cinco minutos. Ao concluí-la, eu já sabia que dificilmente conseguiria melhorar esse tempo futuramente.

Um detalhe importante que constatei nessa prova foi que o controle rígido em meu desgaste na fase inicial da corrida foi fundamental para que eu pudesse dar tudo de mim, sem o conhecido cansaço comum aos maratonistas a partir do 30º quilômetro, e alcançasse um tempo final tão acima de minhas melhores expectativas.

Nem preciso dizer que cruzar o Portão de Brandemburgo, passar por tantos pontos turísticos distribuídos pelas ruas de Berlin e desfrutar do calor humano tantas pessoas em praticamente toda parte, foi mágico.

Certamente, nunca me esquecerei dessa experiência maravilhosa.

Hoje, olhando para a frase que criei, chego à conclusão de que era boa mesmo, mas confesso que depois disso, participei de diversos outros concursos e em nenhuma vez mais, ganhei coisa alguma. Nem precisava.

Ao me lembrar da especial lembrança desta prova, uma singela reflexão mostrou-me que se fizermos algo que proporcione sucesso ou algo bom, como essa linda viagem grátis, logo pensaremos ou escutaremos de outros o comentário de que tivemos sorte.

Há certa verdade nisso. Acredito mesmo que os sucessos de nossa vida carreguem consigo alguma coisa parecida com o que costumamos chamar de sorte. Mas num sentido mais amplo, será mesmo sorte?

Depois de ler o livro “A Boa Sorte” dos autores Álex Rovira Celma e Fernando Trias de Bes Mingot, compreendi que a sorte verdadeira contempla as pessoas que tem atitude, que acreditam nos seus talentos e, definitivamente, não tem preguiça, ou melhor, não esperam o sucesso cair em seu colo. Elas, deliberadamente, vão ao seu encalço.

Embora sem consciência, desde muito cedo em minha vida, corri e lutei muito por tudo o que consegui. Sem dúvida, perdi diversas vezes, mas nunca deixei de aprender algo com isso, o que me ajudou muito durante embates posteriores. Hoje, sei que as vitórias que pude conquistar sempre tiveram esse componente da “Boa Sorte”, como por exemplo no momento em que ouvi minha intuição, acreditei em minha inspiração e, como prêmio, realizei o sonho de correr a mundialmente famosa “Maratona de Berlin”.

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